quarta-feira, 8 de maio de 2013

Encerramento de actividade

Trabalhei o meu último turno nas portagens. Já foi na 2ª feira, mas isto anda escasso de tempo.

2ª feira foi um dia recheado de eventos e peripécias.

Comecei logo o dia a levar o meu gato ao veterinário para... bom, a bem dizer, para lhe cortarem os tintins. Saí de lá com um aperto no peito e com pena do pobrezinho. Mas tinha de ser, as hormonas andavam descontroladas e já ninguém dormia nem podia abrir a porta da rua com segurança.

Antes do almoço, liga-me o chefe das portagens a oferecer-me um contrato de 6 meses para fazer as férias do pessoal. Pontaria, já que o IEFP nem nos fins-de-semana me vai deixar trabalhar.... Já a pensar que ia ser o meu último turno, fui almoçar a Lisboa. Tinha de estar em S. Pedro de Sintra às 14h30, mas isso não me impediu de beber mais de metade de uma garrafa de vinho branco um pouco de vinho.

Acabado o almoço, ala para o trabalho. Cheguei a horas. Cheguei e vi que estavam lá duas portageiras, como seria costume se eu não tivesse sido chamada para cobrir uma falta. Como se eu não tivesse faltado ao estágio para desenrascar uma falta que ninguém estava disposto a cobrir (deve andar tudo muito ocupado para ir trabalhar) e que afinal parecia que não seria necessário. Esclarecido o mal-entendido, concluiu-se que me tinham dado a informação errada. A falta não era ali, mas em Belas (só na outra ponta da auto-estrada). A entrada era às 15h, faltavam cerca de 5-7 minutos (como o lusco-fusco). Gastei 5 segundos a despedir-me dos meus colegas, saltei para o carro e lá fui eu. Dei entrada na cabine às 15h13, depois de atravessar a auto-estrada, estacionar o carro, pegar nas coisas, ir ao edifício, vestir o colete, pegar nas tralhas e ir para a cabine. É capaz de ser algum tipo de recorde, pelo menos pessoal. 

Passados os nervos da pressa, até fiquei contente pelo engano. Por ser ali o meu último turno. Mentira, por ser com quem era. Claro que foi um turno sui generis... troquei-me nas pausas, uma das minhas colegas fez uma pausa de 15 minutos que durou 30 (e eu à espera e a ver o trânsito a acumular-se na plena via, que era onde eu devia estar para ajudar), essa mesma colega, coisa de 1h30 depois, lembrou-se que tinha dor de dentes, lá fiquei eu sem hora de jantar para ir para o lugar dela, enquanto o principal fazia o meu lugar (que àquela hora já não tinha trânsito quase nenhum, portanto não houve grande problema), enfim...

Ponto da situação: 21h, eu na ponta mais longínqua da portagem, onde passam coisa de 1-2 carros por hora. Comi dentro da cabine, o que não me faz espécie, ninguém me vê e estou à vontade. Fui lá fora apanhar um bocadinho de ar e ainda havia luz suficiente para ver um escaravelho a voar e a chocar contra a cabine. vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvPAF. Havia luz suficiente para mim mas pelos vistos para o escaravelho não. Entretanto a minha colega sai da cabine (ainda estava para aí a uns 30-40 metros de mim) e eu conto-lhe do escaravelho (quase aos berros, portanto). Pego no bicho e vou deitá-lo nas ervas, antes que lhe aconteça mais alguma. Quando voltei, ela perguntou-me algo. O que eu percebi foi: "Mataste-o?", ao que respondi: "Não, deixei-o ir para as ervas". O que ela efectivamente perguntou foi se eu já tinha jantado, pelo que a resposta que lhe dei foi um tanto ou quanto... estranha.

22h15. Passa uma colega de outra portagem, cujo turno tinha acabado às 22h, na sua mota nova. Mais uma despedida, e ela avisa-me: "olha que já me disseram que a minha mota bloqueia a barreira quando eu passo, acho que tens de passar o caixote do lixo para a barreira baixar". Tudo bem, pode ser que não bloqueie desta vez, pensei eu. Claro que bloqueou. (Ah, isso de passar o caixote faz sentido porque é metálico e activa os sensores e coisas) lá fui eu com o caixote, mas a barreira não baixou. Perguntei ao principal como era, ele explicou-me precisamente o que eu tinha acabado de fazer. Bom, tentemos outra vez. Só que desta vez eu ia-me espalhando ao comprido com o caixote na mão, só faltou ter levado com a barreira em cima. Ainda consegui dar uma canelada no rail que me provocou instantaneamente uma nódoa negra. Mas não caí. E ouço o principal pelo intercomunicador a perguntar se já tinha dado. Lá me desbronquei e disse que demorei a responder porque andei numa dança com o caixote do lixo a ver se não me esbardalhava....

De resto correu bem (também era melhor...). Já não volto. Já recebi o comprovativo de encerramento de actividade. Passo lá todos os dias, desta feita como cliente, pelo menos enquanto não for para a Lezíria dormir, além de trabalhar. Daqui a um ano logo vemos, primeiro se eu arranjo outro trabalho, depois se ainda há portagens, e depois ainda se tenho as portas tão abertas como tanto a empresa como a empresa de trabalho temporário me fizeram crer...

Não foi nada mau, tenho pena, ainda não me custa muito. Veremos como corre do outro lado.

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