domingo, 6 de maio de 2012

SL Benfica x SC Espinho

Hoje foi o dia. A final. Hoje decidiu-se quem é o Campeão. É o SC Espinho.

Comecei pelo fim, que, postas as coisas, é a parte mais objectiva e fácil de contar no meio de tudo o que se passou hoje.

Andávamos a planear ir ver a final já há algum tempo. Primeiro falou-se nisso, achou-se boa ideia, combinou-se. Faltava só comprar os bilhetes. No dia anterior, o irmão da A.L., sócio do SL Benfica, foi comprar o seu bilhete para a final de voleibol. Informaram-no que a venda de bilhetes ia ser exclusiva para sócios. Fomos ver ao site. Junto da tabela geral, onde figurava o preço para o público em geral, havia uma nota: "Venda exclusiva para sócios". Perguntei-me para que põem os preços para não-sócios então... Não (con)vencidas, hoje (sábado) de manhã ligou-se para a Luz. "Há bilhetes mas a venda é exclusiva para sócios". Perguntei se haveria hipótese de até à hora do jogo abrirem a venda para o público em geral. "Não sei, minha senhora, é a indicação que tenho, até ordens em contrário, a venda de bilhetes está limitada a sócios". Não contentes com isto, uma de nós, que mora lá perto, foi à bilheteira. A conversa foi a mesma, ninguém sabia se/quando iria abrir para não-sócios.

Entretanto andei a investigar e soube que vinham pelo menos dois autocarros do Espinho a vir de propósito ver o jogo à Luz. Medo. "Queres ver que chegam cá e não têm bilhetes? Aquilo vai arder!" Estúpida, podia-me ter lembrado que, pelo menos para o Espinho, o Benfica tinha de ter mandado alguns bilhetes,

Fomos à mesma até ao estádio. Os bilhetes já tinham esgotado e não tinham vendido a não-sócios. Achava incrível não abrirem a venda ao público em geral, por poucos bilhetes que fossem. No resto do ano andou aquilo quase às moscas, hoje lembram-se que querem encher o pavilhão só com sócios e com um cantinho reservado ao Espinho. Surreal. Mas verdade. Ainda muita gente a querer bilhetes, sócios e não-sócios.

Fizemos uma reclamação por escrito, que não vai dar em nada porque não foram contra nenhuma regra. Para mim nem é essa a questão, acho pouco ético e anti-desportivo.
Quanto ao funcionário que nos atendeu, nem sei o que dizer. Um clube como o SLB (ou qualquer outro clube, ou qualquer outra empresa) devia ter mais cuidado com quem contrata, ou pelo menos na formação que lhes dá. Não foi escandalosamente incorrecto, mas soltou ali duas ou três barbaridades que me fizeram levantar um pouco mais a voz (e quem me conhece sabe quão raro isso é) e me provocaram uma leve dor de cabeça que ainda não me largou. Não foi por ser benfiquista, padecia era de uma estupidez e falta de racionalidade que me tiram do sério.
O discurso foi completamente "a prioridade é dada aos sócios". Nada contra, é o habitual, o que não é habitual é nem sequer abrirem a venda para os não-sócios, muitos deles adeptos do Benfica (que, segundo ele, não são benfiquistas a sério - ignóbil criatura dos pântanos). A única coisa que eu pedia era que, como no restante campeonato, me dessem uma oportunidade de comprar um bilhete. Mesmo que não houvesse muitos. Uma coisa é haver poucos bilhetes, uma pessoa estar na fila e os bilhetes esgotarem. Isso para mim é o normal. Se não conseguisse por isso, ficava triste à mesma, mas compreendia. Que me tivesse levantado mais cedo. Mas não foi de todo o caso.
Enquanto metia conversa connosco ficou a saber que jogamos voleibol. "Ah, então está tudo explicado, por isso é que sentem isto tão profundamente". Meio na 'brincadeira' ainda se vira para mim e diz "Mas não é demasiado baixinha para jogar voleibol?"... Senhor, eu estou aqui a fazer uma reclamação, portanto é capaz de ser sinal que não estou muito contente. Acha mesmo que é local e hora para esse tipo de provocação brincadeira? Consegui não ser mal educada, gosto pouco de perder a razão. Não vale a pena. Pedi o contacto de algum órgão no clube a quem pudesse endereçar uma carta para falar sobre o assunto. Vai servir de alguma coisa? Se não fizer nada é que não serve de certeza.

Entretanto andávamos ali à volta a ver se não havia ninguém conhecido que conseguisse arranjar bilhetes. Éramos 5, não era provável. De repente veio um rapaz ter connosco, benfiquista. "Olhem, se quiserem ver se arranjam bilhetes experimentem com aquele senhor gordo lá ao fundo, do Espinho, pode ser que ele ainda tenha, ou então vão ali à varanda onde estão os No Name, pode ser que eles arranjem". Alminha caridosa caída do céu, adoro-te. Reacendeu-se a chama da esperança. Em busca do senhor gordo do Espinho lá ao fundo, lá demos com ele. Os bilhetes que ele tinha eram os que tinham sido reservados para o Espinho, para os que vinham nos autocarros e já tinham pago. Sobravam alguns, ele ia vendendo mesmo ali, com a polícia a fingir que não via. Sobrámos nós, um casal do Espinho e mais 3 pessoas. Ele já não tinha mais, mas ia falar com alguém do Benfica a ver se não podiam arranjar mais uns quantos. Estivemos até à hora do jogo na dúvida, será que o homem arranja os bilhetes? Será que estamos aqui à espera e depois vamos com o rabinho entre as pernas para casa, sem ver o jogo?

O casal de Espinho simpatizou com a nossa situação, mas achou por bem avisar que, se houver bilhetes, é para a claque do Espinho. Não tinha nenhum problema com isso, eu queria era ver a final, e sinceramente, não tendo nada contra a equipa do SLB, mas sim contra a decisão da instituição, já não estava com grande vontade de torcer pelo SLB. Eu sei, sou uma vendida, mas eu queria mesmo era ver o jogo.

Vieram bilhetes para nós!! Então estavam esgotados, não era? Sim senhores, rico exemplo... os vossos sócios que ficaram à porta, alguns dos quais se calhar foram torcer pela equipa no resto do ano (e não só hoje, porque era a final, como a maior parte dos que lá estavam), que fiquem a chuchar no dedo... Ridículo. Pagámos ao Espinho os 6€ por bilhete, correspondente a não-sócio, e lá fomos nós, mesmo a tempo de ver o fim do aquecimento.

Torci pelo Espinho, é verdade. Mas não torci contra o Benfica. Mentira, soltei uns dois ou 3 "TOMAAAA!" quando o Espinho marcou ponto, o Roberto Reis tem o dom de me irritar às vezes. Tem garra, joga bem, mas aquele feitiozinho... Bom, mas no geral soube apreciar bastante as jogadas de cada equipa. Foi um jogo renhido, o Espinho ganhou os dois primeiros sets, depois o Benfica empatou, tiveram de ir à negra. Foi uma luta até ao fim.

Como suspeitava, muito do público estava ali porque é giro ir apoiar uma equipa do seu clube numa final. Puxar por ela, muitas vezes, foi a ferros. Os cânticos sabiam-nos todos do futebol, vá lá. E quando era para insultar e vaiar os jogadores do Espinho, ui, que bem que se ouviam. Ridículo. Ninguém lhes ensinou que o desporto não é isto. É puxar pela equipa sem ser preciso o Roberto Reis puxar por eles, é tentarem ultrapassar a cegueira e não ofenderem os outros. Também ouvi uns "filho da puta" do lado do Espinho, acontece em todo o lado, mas havia ali uns quantos trajados de vermelho que estavam a abusar. Disseram-me posteriormente que o jogo lá em Espinho tinha sido pautado pela insegurança e violência por parte dos adeptos do Espinho contra os adeptos do SLB. E então? Vão seguir os maus exemplos e ser iguais? Não me parece boa política. Mas não me surpreende, muita gente pensa assim, qualquer que seja o clube. Discordo, já disse aqui antes que gosto pouco de violência e anti-desportivismo, mas não me surpreende.

Assim que acabou o jogo, 2 terços do pavilhão esfumaram-se. Bom, tinham perdido, havia um jogo no relvado que seria porventura mais importante, tinham fome, não sei, só sei que o Espinho estava a fazer a festa, os atletas do Benfica, compreensivelmente, estavam de rastos, mas ainda houve quem ficasse para trás para os apoiar. Em número, diria que são "os do costume", os que vão, durante o resto do campeonato, apoiar a sua equipa. Isso é de valor. Podia estar a decorrer um SLB x Leiria, não faz mal, os nossos meninos perderam e temos de os apoiar. Bonito. Por eles, adeptos e equipa, tenho pena que o Benfica tenha perdido. Vi miúdos a chorar porque a equipa perdeu, vi alguns jogadores subirem às bancadas para cumprimentarem os adeptos, vi um benfiquista que acompanha sempre os jogos chamar o Hugo Ribeiro (o líbero do Espinho), para lhe dar um abraço. Vi a equipa do Espinho feliz pela vitória, sem provocações. Estavam a festejar a sua vitória, não a derrota dos outros. Vi o Gaspar lá fora, ia para casa, com um ar triste mas triste. Para haver um vencedor tem de haver um vencido, é mesmo assim, mas... Não reparei no Roberto Reis, se calhar devia ter reparado para poder tirar esta embirrância que tenho por vezes. Andava a reparar alternadamente na tristeza de uns e na semi-nudez felicidade de outros. Sou um coração mole, eu só quero ver todos felizes, ainda por cima nenhuma das duas é, a bem dizer, a minha equipa do coração. No voleibol ainda não tenho verdadeiramente uma equipa do coração, por enquanto. Ainda não consegui definir bem essa parte. Give it time.

Ao SC Espinho, obrigada e parabéns. E parabéns também à equipa de voleibol do SL Benfica, que lutou pela vitória nesta final e que lutou para lá chegar. Deram-nos um bom espectáculo.

2 comentários:

POC disse...

O Benfica está cheio de gente menos própria.

Em relação aos bilhetes, se o pavilhão estava cheio, compreende-se a política. É assim mesmo, primeiro os sócios. Se sobrar, o público.

Unknown disse...

O Benfica e não só, infelizmente...

Em relação aos bilhetes, I'll agree to disagree. Mas continuo a dizer que o pavilhão não estava cheio, e podia ter estado.